PV lança candidato de oposição a prefeito de Viana

Fabricio Machado (PV). Foto: Facebook

O Partido Verde (PV) lançou, na última quarta-feira (24), pré-candidato à Prefeitura de Viana em oposição declarada ao atual prefeito, Wanderson Bueno (Podemos). O desafiante é Fabricio Machado, ex-secretário estadual do Meio Ambiente e presidente estadual dos verdes.

Aliado de Casagrande – assim como Wanderson Bueno –, Fabricio foi secretário do Meio Ambiente durante todo o governo ado, de 2019 a 2022. No atual, continua no governo Casagrande, como secretário executivo do Consórcio Brasil Verde.

Fabricio é o primeiro adversário local do atual prefeito a se posicionar na disputa. Ele afirma que a candidatura do PV em Viana é prioridade para o partido no Espírito Santo e confirma que se considera opositor de Wanderson.

“Se eu for candidato contra ele, serei de oposição, como é natural que seja. Mas prefiro a palavra ‘alternativa’. Pessoalmente, não tenho nada contra o prefeito, mas discordo de como ele faz gestão no município”, afirma o pré-candidato, introduzindo a sua primeira leva de críticas ao candidato da situação. Para ele, faltam investimentos sociais na cidade.

“Ele faz uma política ainda muito focada em investimentos que ele entende que são estratégicos, mas hoje o município carece de muito apoio na política social. Hoje temos mais de 300 famílias com pessoas com deficiência na fila de espera para receber os atendimentos nas instituições como a Apae. Essas instituições são mantidas com os recursos aportados pela prefeitura, mas a atual istração não tem aportado recursos suficientes para elas”, assinala Fabricio, pai de um autista e fundador da Apae em Viana. O atual presidente da entidade no município, Braz Antonio da Silva, tomou posse também na quarta-feira como novo presidente do PV em Viana.

Fabricio prossegue:

“Os Cras [Centros de Referência em Assistência Social] da cidade vivem com fila na porta de pessoas procurando atendimento, e faltam servidores públicos e insumos para que essas famílias sejam atendidas. Às vezes falta cesta básica. Ele vende que o município está com as contas sanadas, arrecadando muito e em franco desenvolvimento. Mas acabou de contrair um empréstimo de R$ 100 milhões no Banco do Brasil. Olha a contradição! Ao longo de seus três mandatos, Casagrande já aportou R$ 400 milhões na cidade, sendo mais de R$ 100 milhões em saneamento básico. Ora, um município que está com as contas em dia e recebe tantos investimentos do Estado precisa fazer uma operação de financiamento desse porte? Acho que não. A conta será paga pelo morador, com aumento do IPTU”, prevê o adversário declarado de Wanderson, deixando uma última estocada:

“Ele de fato está fazendo muitas obras, mas o custo das obras não condiz com a qualidade do que se entrega. A prefeitura não está praticando o esgotamento do melhor preço nos processos licitatórios. Grosso modo, a prefeitura reforma uma praça e, quando a obra é concluída, você vê que não custa o que se pagou.”

Problema doméstico na Febrasil

Apesar de já manter discurso afiado como candidato de oposição, Fabricio precisará resolver um “assunto doméstico” para viabilizar a candidatura. É que o PV na verdade faz parte, desde 2022, da Federação Brasil da Esperança (Febrasil), formada também pelo PCdoB e pelo PT. Como se sabe, por qualquer critério que se adote, o PT sozinho é muito maior que o PV e o PCdoB juntos. Na prática, essas duas siglas menores atuam quase como satélites do PT.

Ocorre que, em Viana, apesar da postura crítica mantida por Fabricio, o PT faz parte da base de apoio e do governo de Wanderson Bueno em Viana, com direito a assento no secretariado.

No meio do ano ado, o PT entrou formalmente na istração do prefeito do Podemos, ando a ocupar espaços na máquina de governo, em um movimento conduzido por ninguém menos que a deputada federal Jack Rocha, presidente estadual do partido.

Hoje, o PT tem nada menos que o secretário de Esportes de Viana (o ex-vereador Laziomar), o subsecretário municipal de Cultura e Turismo (Raniery Ferreira, candidato do PT a vereador de Vitória em 2016 e membro da corrente de Jack Rocha), além de cerca de cinco gerências.

Pelas regras que disciplinam a formação e a atuação das federações partidárias no país, PV, PT e PCdoB não existem mais como unidades independentes. Em termos eleitorais, para definição de candidaturas, chapas proporcionais e coligações majoritárias, formam um só corpo partidário até 2026. Legalmente, é como se os três correspondessem a um partido só.

Dentro da federação, o PV não tem autonomia para decidir nada sozinho. Por isso, se quiser mesmo ser candidato a prefeito de Viana, Fabricio Machado, presidente estadual dos verdes, terá de convencer o PCdoB e, principalmente, o PT a embarcar com ele no projeto.

Para o PT, isso significará deixar de apoiar a reeleição de um prefeito de cujo governo faz parte para lançar um candidato de oposição. Afinal, se for mesmo candidato, Fabricio não será apenas o postulante do PV, mas o candidato da Federação Brasil da Esperança, incluindo PCdoB e PT.

Fabricio afirma já estar trabalhando para fazer esse convencimento. E deixa um recado:

“Mais de 80% dos dirigentes do PT em Viana querem minha candidatura, mas ainda não há decisão formal do PT no município. O PCdoB já comprou formalmente a ideia, e a grande maioria do PT está comigo. Isso já foi dialogado com o João Coser, com a Jack Rocha, com o Contarato… Eles sabem que Viana é uma das prioridades do PV no Espírito Santo, porque vamos apoiar todas as candidaturas do PT no Estado. Agora, também temos nossas prioridades. Somos uma federação, então temos de atuar de forma conjunta.”