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Coluna Vitor Vogas

Casagrande alfineta Rigoni por lançar candidatura ao governo

“Para algumas pessoas, o conceito de lealdade tem diversas amplitudes”

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Dep. Felipe Rigoni PSB/ES. Foto: Sérgio Francês

Dep. Felipe Rigoni PSB/ES. Foto: Sérgio Francês

“Essa é uma resposta que ele precisa dar”, espeta Renato Casagrande (PSB). “Ele”, no caso, é o deputado federal Felipe Rigoni. E a pergunta em questão, feita pela coluna ao governador e reada por ele a Rigoni, é se o deputado estaria sendo-lhe desleal agora, ao lançar pré-candidatura ao governo do Estado – provavelmente contra o próprio Casagrande, que completa a alfinetada: “Lealdade é um conceito que, para algumas pessoas, tem diversas amplitudes”.

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Iniciado na vida pública em movimentos políticos como o Acredito e o RenovaBR, Rigoni, 30 anos, filiou-se ao PSB a convite de Casagrande e, com o seu apoio, candidatou-se a deputado federal em 2018, tendo sido o segundo mais votado para o cargo no Espírito Santo. No meio do mandato na Câmara Federal, divergiu da direção do PSB na votação da reforma da Previdência e saiu da legenda após ter a justa causa para desfiliação reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Agora, planeja concorrer ao governo estadual, pela União Brasil. Rigoni deve ficar com o comando estadual do partido, resultante da fusão do DEM com o PSL. Na tarde desta segunda-feira (14), fará anúncio relacionado ao tema.

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“Lealdade é um conceito que, para algumas pessoas, tem diversas amplitudes”

Nesta segunda parte de nossa entrevista com o governador, além da pré-candidatura de Rigoni, Casagrande avalia a postura de outro ex-aliado e também potencial adversário na eleição ao Palácio Anchieta: o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), que tem subido o tom das críticas ao governo estadual após ter sido apoiado por Casagrande para se manter no comando da Casa, no início de 2021. “O que espero do presidente Erick é que ele cumpra os compromissos que ele fez comigo. Só isso.”

Casagrande também comenta a eleição ao Senado, citando os dois aliados que podem vir a ter o nome escolhido para compor a sua chapa majoritária (só cabe um). E descarta totalmente a repetição de uma chapa com os candidatos a governador e a vice filiados ao PSB, como se deu em 2018.

Confira a entrevista na íntegra:

O deputado federal Felipe Rigoni entrou na política com a sua ajuda e incentivo. Agora, planeja concorrer ao governo contra o senhor, pelo União Brasil. Como o senhor avalia essa pretensão do deputado? Seria uma forma de deslealdade?

Lealdade é um conceito que, para algumas pessoas, tem diversas amplitudes. Acho que essa é uma resposta que ele tem que dar. Mas eu vou responder como respondeu [o líder histórico do PSB] Miguel Arraes quando alguém perguntou a ele se devia ser candidato lá em Pernambuco. Ele respondeu assim: “Tem maioridade?” “Tenho.” “Tá filiado ao partido?” “Estou.” “Então pode ser candidato.” Felipe Rigoni tem idade, está filiado a um partido, então pode ser candidato e tem legitimidade para isso.

O senhor, porém, reprova ou condena de algum modo essa atitude dele?

Não, em hipótese alguma. Acho que o deputado tem legitimidade para colocar o nome dele e buscar o projeto que achar mais adequado para ele.

Mas o senhor esperava isso dele?

Acho que a gente não tem que esperar muito. Na política, se você ficar esperando que uma coisa aconteça, você acaba não tendo sucesso nos seus projetos. Quando você deseja obter algum objetivo, você tem que seguir em frente. Eu acompanho o movimento do deputado Felipe Rigoni e respeito o que ele está fazendo.

ando para outro pré-candidato ao governo: na Assembleia Legislativa, o presidente Erick Musso (Republicanos) tem aumentado, no tom e na frequência, as críticas à sua istração. O senhor hoje o considera um político de oposição ao seu governo?

Não, não considero não. Eu ajudei a eleger o Erick na primeira eleição dele [para a presidência da Mesa Diretora da Assembleia]. Se eu quisesse ajudar a eleger outro, eu teria ajudado. Ajudei a eleger o Erick na segunda eleição dele*. Se eu quisesse ajudar a eleger outro, eu teria ajudado. Considero o Erick uma liderança que está buscando um espaço, está tentando se encontrar. Tenho visto, de fato, as críticas que ele faz ao governo e ao governador. Respeito as críticas. Enquanto forem críticas políticas, tem todo o meu respeito.

Em janeiro de 2021, na última eleição da Mesa Diretora da Assembleia, o senhor de fato poderia ter tentado emplacar um deputado da sua base no lugar de Erick na presidência. Chegou a testar alguns nomes. No fim, compôs novamente com o deputado do Republicanos, e ele foi reconduzido ao cargo…

com o meu apoio. Com o apoio da minha base.

Pois é. Minha pergunta é: o senhor guarda algum arrependimento por ter avalizado pessoalmente a recondução de Erick Musso à presidência da Assembleia?

Eu não guardo arrependimento não. Nós tínhamos outras alternativas, para a gente poder estar dirigindo a Assembleia. O que espero do presidente Erick é que ele cumpra os compromissos que ele fez comigo. Só isso. 

Quais sejam…

Me ajudar e ajudar o Estado do Espírito Santo a ter estabilidade política. Não segurar projetos importantes para a sociedade. Não criar caso. Não criar debate que cria instabilidade entre as instituições. A minha expectativa com o presidente Erick é essa.

Mas o senhor não acha que é, em parte, o que ele está fazendo agora?

A minha expectativa é esta [bate algumas vezes, levemente, com a palma na mesa]: que ele possa cumprir a palavra que me deu na hora em que nós decidimos reconduzi-lo à presidência da Assembleia Legislativa [em janeiro do ano ado].

Esse acordo firmado ali não ou por um apoio eleitoral ao senhor, tanto dele como do grupo político dele, hoje abrigado no Republicanos?

Da minha parte, não. Da parte deles, eles declararam: caso eu fosse candidato… Eu disse “não, eu não vou discutir isso agora, está muito longe ainda…”. Mas, da parte deles, sim.

Qual foi o compromisso assumido por eles?

Eles declararam que, se eu fosse candidato a governador neste ano, eles estariam comigo.

Em troca do seu apoio para reconduzir o Erick à Assembleia?

Mas eu disse o seguinte: “Não é hora de discutir esse assunto. Nossa discussão agora é institucional e de governo. Esse assunto a gente discute lá na frente”.

E quanto ao Republicanos? Houve também as críticas incisivas feitas recentemente por Erick no episódio do desabastecimento de água em São Pedro, pedindo a troca da diretoria da Cesan, e a ameaça do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, em abrir processo istrativo contra a companhia. A seu ver, esse grupo político hoje no Republicanos caracteriza um movimento de oposição ao senhor?

Sim. Fazem, em diversos assuntos, movimentos que divergem da posição do governo. É próprio da democracia, é da política, não vai aqui nenhuma contestação a isso. Nenhuma condenação a esse comportamento.

Na eleição ao Senado, o deputado federal Josias da Vitória (PP), seu aliado há muitos anos, trabalha para ser candidato em sua chapa majoritária. Ele será seu candidato a senador?

A candidatura ao Senado depende muito mais de quem quer disputar do que de quem está liderando o projeto, como eu estou, independentemente de eu ser candidato ou não [ao governo]. Se a pessoa deseja ser candidata ao Senado, tem que ir à luta e trabalhar. Eu sei que tem alguns candidatos ao Senado trabalhando e, efetivamente, já se movimentando. A senadora Rose de Freitas está se movimentando e a gente tem conversado bastante. O senador Magno Malta está se movimentando.

O senhor tem conversado também com ele?

Não. Com o senador Magno Malta, não tenho conversado diretamente. Tenho só acompanhado o movimento dele. O ex-prefeito de Colatina, Sérgio Meneguelli, diz que se movimenta para ser candidato ao Senado e também tem todo o meu respeito. As pessoas se movimentam agora para saberem se de fato, lá na frente, se consolidam ou não.

Mas, dentro do seu grupo, entre esses nomes que o senhor citou, só Rose e Da Vitória?

O deputado Da Vitória se movimenta muito mais como candidato à reeleição do que como candidato ao Senado. E, se ele quiser se movimentar como candidato ao Senado, ele tem alguns meses para fazer isso. Hoje, quem se movimenta mais abertamente na candidatura ao Senado, de forma clara, é a senadora Rose de Freitas.

Em 2018, o senhor liderou uma chapa puro-sangue, descontentando muitos aliados, com Jaqueline Moraes como sua vice. O vice dessa vez pode vir de novo do PSB, ou não há a menor chance? 

Acho muito difícil, né? Foi uma conjuntura específica. Foi um momento específico que levou a Jaqueline a ser vice… Foi uma avaliação nos últimos dias, que se consolidou na última hora. Nos últimos minutos, na verdade. O nome dela já estava na minha cabeça há alguns dias. A gente estava vendo que o movimento que a gente estava fazendo…

… que caminhava para a Lenise Loureiro como a sua vice…

… que caminhava para a Lenise, tinha a dificuldade do desmonte de uma chapa para deputado federal. Então comecei a pensar em alternativas, porque achava importante naquele momento ter uma mulher como candidata a vice. Só comuniquei isso à Jaqueline naquele momento. Ela tomou um susto.

Eu estava na sede do PSB, em Jucutuquara, minutos antes do registro da chapa, e me lembro da surpresa dela. Ela ficou em choque!

Ficou em choque. Mas é uma excelente companheira e está colaborando muito no governo. 

Mas dificilmente uma dobradinha do PSB se repetirá, até porque, convenhamos, desagradou bastante a muitos aliados na ocasião…

Sim. Mas, como os aliados não queriam desmontar a chapa de federal, não tinha muito caminho. Aí tive que tirar alguém que era candidato a federal da chapa do PSB, para poder compor a chapa.

* A rigor, Casagrande avalizou a segunda e a terceira eleições de Erick para a presidência da Assembleia, em 2019 e 2021. A primeira, em 2017, foi com o apoio do então governador, Paulo Hartung.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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