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Coluna Vitor Vogas

Ramalho não garante lealdade a Casagrande: “Agora tenho que pensar em mim”

“Fui leal até aqui”, diz ex-secretário estadual de Segurança. Fora da disputa ao Senado, ele afirma que pode apoiar qualquer candidato (“quem tiver as melhores propostas”) e revela ter recebido ligação de Erick Musso nesta quinta (4)

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Coronel Alexandre Ramalho. Foto: Facebook

No dia seguinte à decisão do seu partido, o Podemos, de abortar a sua pré-candidatura ao Senado, o coronel da reserva Alexandre Ramalho não garante que manterá sua lealdade política a Renato Casagrande (PSB) nem ao grupo político liderado pelo governador.

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Eu fui leal até aqui. Tenho uma trajetória de dois anos na Segurança Pública, com muito esforço e muita dedicação. Me entreguei e fui leal, fui sincero, fui honesto… até aqui. Agora, a partir daqui, acho que tenho que pensar no meu projeto, tenho que pensar o que vou fazer. Não cabe mais avaliação se vou caminhar com A, com B… Eu tenho que pensar realmente no que é melhor para mim, para minha família e para a sociedade capixaba.

A declaração foi dada por Ramalho na segunda parte de sua entrevista à coluna, que você pode ler abaixo.

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Ramalho foi secretário de Segurança Pública no atual governo Casagrande por dois anos, de março de 2020 a abril deste ano, quando deixou o cargo para participar do processo eleitoral. E foi como aliado político do governador que entrou nesse processo. Agora, reforça o coronel – após ter sido preterido por Casagrande e pelo próprio partido –, ele vai priorizar o que for melhor para ele mesmo:

“Eu estava à disposição para ser escolhido pelo governo, mas eu não fui escolhido. Então agora, já que eu não fui escolhido na majoritária, já que não tive a escolha do próprio partido, eu não tenho que pensar em governo, em Senado… Tenho que pensar em mim. Meu maior propósito agora é este: pensar em mim, e não nos outros.”

O Podemos é presidido no Espírito Santo pelo ex-secretário estadual de Governo e de Planejamento Gilson Daniel, postado na primeira fila de aliados de Casagrande. Nesta quarta-feira (4), o dirigente anunciou o ingresso formal do Podemos na coligação encabeçada por Casagrande na corrida ao Palácio Anchieta. A mesma coligação tem como candidata ao Senado a atual senadora Rose de Freitas (MDB), escolhida pelo governador em detrimento de Ramalho.

Na primeira parte da entrevista, o coronel afirmou que, agora, pode ficar fora do pleito, ser candidato a deputado federal ou até a deputado estadual (as duas últimas hipóteses são mais fortes).

Quanto à disputa para o Senado, ele tende a não ser mero espectador. Diz que vai apoiar o candidato que tiver as melhores propostas – para bom intérprete: não tem o menor compromisso com Rose de Freitas, candidata do seu partido e da chapa da situação.

Na verdade, embora não diga nada específico nesse sentido, Ramalho fornece algumas pistas de que pode até acabar pendendo para o lado de Erick Musso (Republicanos), a quem faz elogios na entrevista. Sem brincar em serviço, o presidente da Assembleia já ligou para Ramalho, como revela o ex-secretário, neste day after, e disse-lhe que “está à disposição”. “Erick disse que gostaria de conversar comigo e me ouvir.”

Já para Rose e Magno Malta (PL), principais adversários de Erick no Senado, as considerações de Ramalho, implicitamente, não são tão elogiosas: “Alguns já estão nesse processo há bastante tempo. O que fizeram pelo Espírito Santo? Essa é a análise que todo capixaba deve fazer para direcionar os seus votos nas urnas”, alfineta.

Leia a segunda parte do nosso pingue-pongue:

O senhor conversou recentemente com Erick Musso. Qual foi o teor dessa conversa?

Primeiro quero registrar as mensagens que recebi do deputado federal Neucimar Fraga, do prefeito Arnaldinho Borgo, do prefeito Euclério Sampaio, do deputado estadual José Esmeraldo, do deputado estadual Marcelo Santos e do vereador Denninho Silva. Foram pessoas que, durante todo o processo, me motivaram a continuar no projeto rumo ao Senado. Com o Erick, a ligação dele para mim foi na semana ada. Ele entrou em contato comigo para me dizer, de forma muito respeitosa, que estava entrando na eleição ao Senado, que tem muito respeito por mim e que, da parte dele, essa disputa seria muito limpa, honesta e sincera. Hoje, recebi uma nova ligação dele, depois de ter vindo a público a não homologação da minha candidatura ao Senado, me prestando solidariedade e me dizendo que está à disposição e que ficou extremamente chateado com o ocorrido. Foi um gesto muito nobre, muito educado e de companheirismo e solidariedade por parte do nosso presidente da Assembleia, a quem também agradeço. Não teve nenhuma fala no sentido de aliança ou apoio eleitoral nem de combinar alguma coisa para o futuro. Ele disse que gostaria de conversar comigo e me ouvir.

Agora fora da eleição para senador, o senhor pretende apoiar algum candidato a esse cargo? E, se decidir apoiar alguém, será necessariamente a senadora Rose de Freitas (MDB), candidata da coligação majoritária liderada pelo governador, da qual faz parte o Podemos, ou o senhor poderá apoiar pessoalmente outro candidato, adversário da chapa governista?  

O momento agora é de pensar em mim, é de pensar no futuro, nos próximos os que vou dar. Não é o caso de pensar agora quem eu vou apoiar, quem eu não vou. Até porque, se eu estiver fora do processo, eu não vou ser ninguém nesse processo. Não vai adiantar nada o meu apoio se eu não tiver mais vontade de disputar nada. Se eu estiver fora da política, não tenho nem por que entrar nesse debate. Então tenho que pensar primeiro o que é que vou fazer. Mas não abro mão do diálogo.

Mas o senhor pode então apoiar outro candidato a senador?

É lógico que sim. Tenho liberdade total de apoiar quem eu entender que tem as melhores propostas para o Espírito Santo. Eu tinha as melhores propostas. Agora, se outro candidato apresentar, ao longo do percurso, melhores propostas para o Espírito Santo, é com esse candidato que todos nós temos a obrigação de caminhar, e não fazer conchavos políticos. Eu não vou fazer conchavo político nenhum. Vou acreditar honestamente nas melhores propostas.

Então esse candidato que terá o seu apoio pessoal pode ser um candidato de fora da coligação de Casagrande e Rose?

Pode ser qualquer candidato. Vi poucas propostas até agora. Tenho visto as pessoas se lançarem. Mas quais são suas propostas? O que elas realmente querem melhorar para o Espírito Santo e o Brasil? Alguns já estão nesse processo há bastante tempo. O que fizeram pelo Espírito Santo? Essa é a análise que todo capixaba deve fazer para direcionar os seus votos nas urnas.

E quanto a seu posicionamento político? Hoje, no dia seguinte à decisão do partido de não bancar sua candidatura ao Senado, o senhor diria que se mantém leal politicamente ao governador Renato Casagrande e seu grupo?

Eu fui leal até aqui. Tenho uma trajetória de dois anos na Segurança Pública, com muito esforço e muita dedicação. Me entreguei e fui leal, fui sincero, fui honesto… até aqui. Agora, a partir daqui, acho que tenho que pensar no meu projeto, tenho que pensar o que vou fazer. Não cabe mais avaliação se vou caminhar com A, com B… Eu tenho que pensar realmente no que é melhor para mim, para minha família e para a sociedade capixaba.

Então o senhor foi leal ao governador até este ponto, mas, deste ponto em diante, o senhor não tem mais compromisso de lealdade política com o governador ou com quem quer que seja?

Não, eu não diria dessa forma, que não tenho compromisso nenhum. Só que eu tenho que pensar em mim agora, não tenho que pensar no governo, não tenho que pensar em Senado… Eu estava à disposição para ser escolhido pelo governo, mas eu não fui escolhido. Então agora, já que eu não fui escolhido na majoritária, já que não tive a escolha do próprio partido, eu não tenho que pensar em governo, em Senado… Tenho que pensar em mim. Meu maior propósito agora é este: pensar em mim, e não nos outros.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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