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Dia a dia

Edu Henning entrevistou 260 artistas durante a quarentena

O membro do Clube Big Beatles conta como aproveitou o confinamento para entrevistar artistas importantes, e explicou a relação da música com a pandemia

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O ano de 2020 marcou a sociedade como um período de revoluções. A política, de forma inédita, precisou prestar contas em tempo real com as interações nas redes. Os conflitos sociais tomaram formas no mundo virtual e se expandiram em manifestações no mundo real. E o entretenimento não ficou de fora, principalmente no Brasil.

As lives musicais foram consumidas no país de forma massiva e chegaram a dominar o engajamento no mundo todo. Das 10 transmissões com mais audiências feitas pelo Youtube, sete foram de artistas brasileiros. Quase todas vieram do universo do sertanejo, com Marília Mendonça conquistando 3,3 milhões de os, seguida de Jorge & Mateus, com 3,2 milhões. Somente Andrea Bocelli e dois shows antigos do fenômeno do k-pop BTS destoaram na supremacia brasileira.

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E foi dessa mesma forma que o produtor musical e jornalista Edu Henning capturou a atenção dos fãs de música. Com mais de 500 mil visualizações ao longo do ano em sua jornada, Edu entrevistou 260 artistas e personalidades culturais. O vocalista da icônica banda Big Beatles confessou que o formato de transmissões ao vivo foi inédito pra ele.

Confinamento e o início do projeto

Edu Henning e Paul McCartney. (Reprodução: Facebook)

Edu Henning e Paul McCartney. (Reprodução: Facebook)

“Nunca tinha feito live, nunca, lógico que na banda você faz uma live de um show ou às vezes um ensaio, mas fazer conteúdo assim em sequência foi novidade pra mim.”

O produtor musical relembra a surpresa que foi se deparar confinado, “todo mundo em casa, trancafiado, tomando cuidado com isso, com aquilo, o primeiro impacto foi muito forte, foi muito assustador pra todos nós”, comentou Edu que precisou interromper a programação planejada pra banda Big Beatles. “Comecei a ficar meio perdido, o que eu faço, um monte de projeto programado, hotel acertado, agem comprada, e agora?”

O músico itiu que precisou equilibrar o emocional e enfrentou a si quando vieram as mudanças. “Você é forçado a lidar com você mesmo, equilibrar o emocional, a vida, como qualquer outro cidadão.” Foi sua esposa que ajudou o produtor a se adaptar, “sou casado com uma jornalista e ela sugeriu, porque não fazer lives com os meus amigos?”

Edu conta que de início planejou apenas 15 dias de transmissões, trabalhando com a idéia de uma entrevista por dia, quando se deu conta da grandiosidade do projeto, estendeu até atingir 260 entrevistas ao longo do ano.

“Foi incrível e desafiador, conversei com grandes nomes da música brasileira, com pessoas que moram fora e que nunca tiveram contato com tecnologia, e assim fomos criando uma coleção com um número assustador de entrevistas.”

O produtor explicou que para conduzir os entrevistados foi necessário exercer a amizade e executar tudo com bastante carinho, segundo ele, muitos artistas preferem não se expor tanto e sempre vem a calhar criar um fio condutor que naturalize a conversa.

“Eu fui buscando pessoas com quem eu queria conversar, e elas vêem que do outro lado tem um jornalista, preocupado, conhecedor, que busca informações e produz material prévio pras entrevistas.”

“Cheguei a receber cobranças de amigos perguntando quando eu ia entrevistar”, brinca Edu.

Edu Henning e Fernanda Takai. (Reprodução: Facebook)

Edu Henning e Fernanda Takai. (Reprodução: Facebook)

Figuras como João Barone (Paralamas do Sucesso), Marco Túlio (Jota Quest), Edgard Scandurra (Ira!), Charles Gavin, Sérgio Brito (Titãs), Evandro Mesquita, Zé Geraldo, Carlos Coelho (Biquini Cavadão) e Fernanda Takai fizeram parte da trajetória do projeto.

“O projeto terminou no último dia 12, agora vem o descanso, acho que já está na hora de puxar o freio de mão e encerrar,” comentou Edu em tom de satisfação.

Música

Edu conta ainda que sempre buscou encostar nas influências do artista entrevistado, esse ponto de partida que cada artista tem. “Como eu sou jornalista, radialista, músico, minha preocupação foram as histórias, todos eles sofreram a influencia de alguém por algum instante e por algum motivo.” Pra ele, buscar esse ‘algo’ que os tocou e os levou a encarar a música é o que diferencia alguém que toca violão em uma rodinha ou apenas se entusiasma com a música.

“Tem um start na vida do cidadão que ele se transforma em um homem determinado a viver de música, então o fio condutor de todas as conversas, foi esse início, o que levou aquela pessoa a tratar música como algo além de diversão, e isso é o combustível profissional desses artistas.” explicou o músico.

Apesar do cenário pandêmico, Edu comenta que as transmissões musicais certamente ajudaram a clarear a importância da profissão musical que movimenta uma cadeia de economia criativa enorme no país.

Ao ser questionado sobre as lives que acompanhou, Edu lembrou da transmissão feita pela banda mineira Jota Quest, no Centro Cultural Banco do Brasil em Belo Horizonte. “A do Jota Quest com certeza foi memorável, um calor imenso de paixão da banda num lugar com uma estética clássica linda.”

O jornalista comentou sobre as lives de sertanejo que bateram recorde de visualizações, apesar da preocupação com a supremacia do gênero no país, reconheceu que sem dúvidas aqueceram o coração dos brasileiros trancafiados em um momento de angústia, com um retorno bem merecido pra categoria. “Todos eles foram extremamente importantes para amenizar a vida na pandemia.”

Por fim, Edu confessou que a carreira musical só vem a partir da honestidade, quando você enfrenta os obstáculos e busca se entregar pra música que te move, é quando você está pronto pra começar.

“Se você tem o sentimento de prazer, de satisfação, você fica mais forte e mais receptivo pra executar e transformar o que sente em música. Quando você não está feliz com o que faz, isso em qualquer profissão, se não sente confortável, essa distância entre realização e remuneração é muito grande. Você precisa ser honesto.” Finalizou.