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Solução é sufocar finanças de grupos criminosos, aponta especialista

Orlando Zaccone aponta que já não cabe mais o uso das mesmas soluções que foram ineficientes nos últimos 20 e 30 anos

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Projeto tira a regulação da segurança privada da PF. Foto: Jason Gillman/Pixabay

Arma de fogo. Foto: Jason Gillman/Pixabay

Há anos, o Brasil assiste, ivamente, ao aumento da violência no Rio de Janeiro que é o cartão-postal do país, seja por suas belezas naturais ou mesmo por seus carnavais que se candidatam a maior festa do mundo. E Orlando Zaccone, delegado de Polícia Civil aposentado, advogado, doutor em Ciência Política e coordenador nacional do movimento Policiais Antifascismo, aponta que já não cabe mais o uso das mesmas soluções que foram ineficientes até agora e propõe medidas para sufocar financeiramente as organizações criminosas.

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“Eu acho que os poderes públicos estão, infelizmente, usando remédios que comprovadamente não dão certo. Eu fiquei em atividade por 23 anos no Rio de Janeiro, um laboratório de tudo que vem acontecendo no país. Posso dizer que tudo que foi usado nos últimos 20 e 30 anos não deu certo. Cada vez mais, as polícias usam a força no enfrentamento do tráfico de drogas e no combate às milícias. Esse enfrentamento resulta em um encarceramento em massa e uma letalidade absurda. E qual o resultado? Só piora. Os grupos crescem cada vez mais fortes”, ressaltou o delegado aposentado.

Para Zaccone, a única solução para atingir os grupos criminosos em todo o território nacional, é sufocar a “economia” deles. Mirar naqueles que cobram taxas extra de gás (além do valor cobrado de maneira legal), roubam sinal de internet e tv para vender o serviço aos moradores das áreas sob controle do tráfico ou milícia e os que dominam o transporte alternativo nos bairros da zona oeste do Rio de Janeiro.

“Tem que atingir a estrutura desses grupos que mantém o domínio territorial. Ele têm o monopólio de várias economias, a droga é apenas uma delas. Esses grupos combinam a venda de gás na comunidade. Então, em uma comunidade como a Rocinha, que tem cerca de 150 mil habitantes, todo o consumo de gás a obrigatoriamente por eles. Eu acho que os poderes públicos precisam trocar o remédio. O uso da força e do cárcere privado não se mostram capazes de alterar essa realidade. Os políticos têm muito mais força para mudar esse cenário”, pontuou o delegado aposentado.

Zaccone defende que a venda do gás nas comunidades deve ser estatizada e comercializada com preço tabelado, como já tem sido adotado em outros países. Na questão do transporte, a saída é fazer com que as empresas de ônibus em a oferecer linhas que atendam os moradores de todas as comunidades. Uma vez que, na maioria das vezes, os moradores precisam pegar de três a quatro linhas de ônibus para chegar ao trabalho, sendo que o transporte alternativo cobra um valor menor para prestar esse serviço, não coberto pelo município ou governo do Estado.

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